A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sexta-feira, 13 de março de 2015

SENSATEZ CONTRA O GOLPISMO



ZERO HORA Atualizada em 12/03/2015 | 03h32


Rosane de Oliveira



Diz um velho provérbio que mais sabe o diabo por ser velho do que por ser diabo. Esse dito popular explica por que homens experientes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro Bresser Pereira e o senador Aloysio Nunes Ferreira não embarcam na canoa do impeachment. FHC, o mais sábio dos tucanos, comparou o impeachment a uma bomba atômica: É feito para dissuadir, não para usar.

O comentário de FHC desencantou parte dos seus admiradores, que não entendem a cautela do ex-presidente e a confundem com tolerância à corrupção, embora ele seja um crítico mordaz do governo. Aos 80 anos, FHC sabe o perigo embutido na precipitação. Pedir o impeachment sem provas de que Dilma tenha cometido crime de responsabilidade é flertar com o golpismo.


FHC é um homem inteligente. Sabe que a defesa precipitada do impeachment pode transformar Dilma em vítima e favorecer a volta de Lula ao poder numa futura eleição. Sabe, também, que se a presidente for impedida, quem assume é o vice, Michel Temer, e não Aécio Neves, como imaginam sociólogos de almanaque e cientistas políticos de Facebook.

Com elegância, FHC responde, 16 anos depois, à desastrada proposta do petista Tarso Genro, que em artigo na Folha de S.Paulo pregou a renúncia dele, presidente recém reeleito, porque o governo enfrentava uma crise de credibilidade.


Por ser experiente, FHC sabe também que as circunstâncias hoje são muito diferentes das de 1992. Fernando Collor caiu sem que ninguém o defendesse porque não tinha base social nem política. Dilma está desgastada, sim, mas conserva o apoio de setores importantes do movimento social e sindical. Em caso de ruptura democrática, esses grupos podem parar (ou incendiar) o país. Com a autoridade de ex-presidente, FH pode ajudar a desarmar os espíritos e evitar uma guerra civil.

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