A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

PROTESTA DAS PASSAGENS COM MENOS CONFUSÃO


ZERO HORA 02 de abril de 2013 | N° 17390

PROTESTO - PARTE 2 - Desta vez, menos confusão

Coletivos pichados, palavras de ordem e bloqueios marcaram manifestação contra aumento da passagem de ônibus, na Capital



A mobilização de estudantes contra o aumento da passagem de ônibus em Porto Alegre, convocada nas redes sociais, tomou conta da Praça Montevidéu no fim da tarde de ontem. Ao contrário da semana passada, porém, transcorreu em relativa tranquilidade, sem confrontos entre policiais e manifestantes – apesar da dimensão aparentemente maior.

Desde as 15h, quando o prefeito José Fortunati se reuniu com representantes da União Estadual dos Estudantes (UEE) e da União Gaúcha dos Estudantes (Uges), a Guarda Municipal já guarnecia a porta principal da prefeitura. Por volta das 16h, a Brigada Militar começou a ocupar as ruas do entorno, com batalhão de choque e policiais a cavalo. Era reflexo da tensão da semana passada.

Um jovem com o rosto coberto, que se apresentou como Mágico Palhaço, fotografou um por um os policiais do choque que estavam posicionados em frente ao Mercado Público. Do outro lado, na Rua Uruguai, Fabrizio Arriens, 28 anos, com uma bandeira do Brasil amarrada no pescoço e um nariz de palhaço, tentava entregar uma cópia da Constituição aos policiais.

– Tenho direito de me manifestar. Se eles me agredirem, estarão agredindo a Constituição – defendeu.

A repercussão do tumulto no protesto anterior, na quarta-feira passada, quando pedras lançadas por manifestantes quebraram vidraças do prédio da prefeitura, era o motivo da expectativa em torno da nova mobilização, que prometia ser ainda mais intensa.

Para quinta-feira, aliás, está prevista nova manifestação em frente à prefeitura, às 18h.

Ontem, as primeiras faixas com palavras de ordem contra o valor de R$ 3,05 da passagem surgiram pouco antes das 18h, trazidas pelo estudante de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lucas Fogaça, militante da juventude do PSTU:

– Nós repudiamos a reunião realizada hoje (ontem) à tarde e não temos nenhuma expectativa de que seja cumprido o que foi prometido.

Um dos gritos de guerra era “Quem não pula quer aumento”

Ele se referia às promessas do prefeito de promover um seminário aberto à população para esclarecer como é calculado o preço da passagem, além de permitir que estudantes façam parte da comissão para construir a nova licitação do transporte público.

Quando o relógio digital que fica em frente à prefeitura marcava 18h16min, apitos, cornetas, palmas e gritos de “Mãos ao alto, esse aumento é um assalto” marcaram o início do protesto. Durante cerca de 20 minutos, os manifestantes ficaram na prefeitura, erguendo faixas, agitando bandeiras de partidos políticos como Psol e PSTU, e de movimentos estudantis. “Quem não pula quer aumento”, gritavam. E pulavam.

Salvo ovos jogados em direção de jornalistas, não houve tumulto. A multidão seguiu em marcha pela Avenida Julio de Castilhos em direção à rodoviária. Puxada por um carro de som, a marcha convocava a população a integrar o movimento e, de fato, reunia mais alguns adeptos pelo caminho. A ponto de não haver como circular pelo local, senão a pé.

A multidão ocupou o terminal no Centro Popular de Compras, pichou ônibus e impediu que os veículos partissem do local. Repetiu a dose no ponto final, o Largo da Epatur, mas sem grande confusão.


ANDRÉ MAGS E TAÍS SEIBT



Divergência estudantil

A razão principal do repúdio à reunião do prefeito com entidades não eram as promessas em si, mas o modo como foi conduzida. Uma representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) teria sido impedida de entrar no encontro.

– Havia uma listagem, todas as representações estudantis foram convidadas a indicar nomes para participar – justifica o tesoureiro-geral da Uges, Pedro Igor Chaves.

Informações de bastidores, porém, dão conta de que as lideranças estudantis presentes seriam de partidos da base aliada do governo, diferentemente do movimento que articulava o protesto marcado para o fim da tarde.


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