A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

domingo, 3 de março de 2013

SÓ PELA REDE


ZERO HORA 03 de março de 2013 | N° 17360

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA


Não se fazem mais caras-pintadas como os que empurraram Fernando Collor para fora do Palácio do Planalto, em 1992. A internet, essa maravilhosa ferramenta de comunicação que derrubou muros e encurtou distâncias, deixou os jovens mais comodistas. Para que sair às ruas protestando contra a eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado, se é mais confortável protestar pelas redes sociais, sentado em frente ao computador ou manuseando um smartphone? É esse comodismo que explica a enorme distância entre o número de pessoas que protestam pelas redes sociais e o dos que aceitam a convocação feita pela rede para fazer um protesto ao vivo e em cores.

Os adeptos dos protestos virtuais desconhecem uma lição elementar do publicitário João Santana, marqueteiro da presidente Dilma Rousseff: no Brasil, a força ainda está com a TV. Se milhares de pessoas se concentrarem no Parque da Redenção, no Aterro do Flamengo ou no Ibirapuera para protestar contra Calheiros ou contra qualquer outro político, estarão produzindo imagens que as emissoras de TV se encarregarão de retransmitir para o país inteiro, incluindo os cafundós onde a internet ainda não chegou ou é lenta demais.

As convocações pela internet para protestos contra um fato ou pessoa têm se revelado incapazes de atrair multidões, como nos tempos das Diretas Já ou do Fora Collor. No dia 20 de fevereiro, o movimento “Fora Renan” entregou no Congresso um abaixo-assinado com um 1,6 milhão de assinaturas exigindo a saída de Renan Os protestos presenciais, no entanto, tiveram participação insignificante.

Pelas redes sociais, volta e meia surgem convocações para manifestações contra políticos, mas os resultados têm sido pífios. Tentou-se contra o ex-presidente Lula e contra os condenados no julgamento do mensalão, mas poucos se animaram a sair para a rua.

Em um encontro da juventude do PMDB, Renan disse que, se fosse jovem, estaria participando de protestos. Sugeriu que os jovens troquem o “comodismo” dos protestos pela militância partidária para “ajudar o país”. Sua Excelência esqueceu de um detalhe: os jovens estão cada vez mais desiludidos com os partidos. Têm dificuldade para encontrar um que seja capaz de conquistá-los.



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