A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 16 de março de 2013

FORÇA AO CONSUMIDOR

ZERO HORA 16 de março de 2013 | N° 17373

Procons terão mais poder para aplicação de multas

Governo prepara uma lista de produtos que deverão ser trocados imediatamente em caso de falha



Anunciado ontem pela presidente Dilma Rousseff como forma de reduzir conflitos entre empresas e clientes, o Plano Nacional de Consumo e Cidadania permite que os Procons multem companhias que desrespeitem contratos e obriga lojistas a substituir produtos com defeito. No entanto, o governo terá de vencer a inércia das agências reguladoras e superar interesses privados para que as medidas vinguem.

Algumas das principais chagas do direito do consumidor no país estão contempladas no plano, avalia Flávia do Canto Pereira, diretora executiva do Procon de Porto Alegre. A classificação dos órgãos de defesa do consumidor como instituições executivas, por exemplo, dispensará boa parte das brigas judiciais entre empresas e clientes, já que os Procons terão autonomia para aplicar multas, cassar alvarás de funcionamento e obrigar as empresas a ressarcirem os clientes.

– Hoje, só podemos dar sanções administrativas, quase sempre contestadas pelas empresas na Justiça – explica Flávia.

Situação comum no pós-venda, a espera de um mês por conserto de produto recém-comprado poderá ser desnecessária em algumas ocasiões. O governo prepara, ao lado da iniciativa privada, uma lista de produtos, com celular e eletrodomésticos, os quais as empresas terão de substituir na hora em caso de falha.

– A questão deve levantar polêmica. A indústria provavelmente contestará seus produtos na lista – analisa Ana Rispoli d’Azevedo, professora de direito da Estácio Fargs.

Muitas das medidas anunciadas já têm amparo legal, mas na prática não são respeitadas pelas empresas e nem cobradas por quem deveria fiscalizar, informa o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec). É o caso do esclarecimento das taxas bancárias embutidas em financiamento, oferta de pacotes de tarifas bancárias mais baratas e as regras para as compras feitas pela internet.

De acordo com o Idec, o grande gargalo para o cumprimento dessas determinações legais “parece ser o poder e a vontade de fiscalização por parte dos órgãos responsáveis”.

ERIK FARINA


As medidas - Os Procons devem ser fortalecidos, mas o Congresso terá de aprovar lei nesse sentido:

JÁ ESTÁ VALENDO

- Os bancos são obrigados a incluir nos contratos de conta cláusulas que dão ao cliente a opção de usar serviços e tarifas individuais ou por pacotes.

- Também terão de oferecer três novos pacotes padronizados de serviços.

- Instituições financeiras terão de detalhar antes da contratação de operações de crédito e de arrendamento financeiro o Custo Efetivo Total (CET), que abrange todos os encargos e despesas. Operações de câmbio também terão de seguir novas regras da transparência.

EM ARTICULAÇÃO - Será criado um conselho ministerial, composto pelos chefes das pastas da Justiça, da Fazenda, do Planejamento, do Desenvolvimento e Comércio Exterior e da Casa Civil para transformar a agenda da proteção do consumidor em uma prioridade de Estado. Serão abertos, ainda, três comitês técnicos do Observatório Nacional de Relações de Consumo.

DEPENDE DE APROVAÇÃO - Projeto de lei será enviado ao Congresso para fortalecer os Procons. A ideia é que os órgãos estaduais e municipais de defesa do consumidor tenham poderes executivos para aplicar multas às empresas, sem passar por sanções administrativas e possam fechar acordos entre compradores e fornecedores, sem necessidade de recurso judicial.

EM BREVE

- Dentro de um mês, o governo e o setor privado irão divulgar uma lista de produtos essenciais que, se comprados com defeito, precisam ser trocados na hora.

- Nas próximas semanas será anunciada uma reestruturação das agências reguladoras, que terão as estruturas de fiscalização reforçadas e trabalharão com prazos para atenderem queixas dos consumidores. O repasse de verbas extras estará condicionado à produtividade.

- Haverá reforço nas regras de assistência técnica produtos vendidos pela internet e os prazos para trocas e reclamações.


Um comentário:

Gabriel Correia disse...

Medidas dessa natureza são o próximo passo na consolidação de nossa jovem democracia doravante a classe governante juntamente com a sociedade organizada buscar formas de fortalecer a ação de cidadania sob risco de nossa democracia continuar capenga. Vai que tropeça.