A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

CARLINHOS BROWN: "TROCO O OSCAR PELA PAZ NA MINHA CIDADE"


Carlinhos Brown: ‘Troco o Oscar pela paz na minha cidade’. Em Paraty, músico baiano falou sobre a crise institucional em Salvador, cidade onde mora. Luiz Fernando Vianna - O GLOBO 8/02/12 - 10h00


PARATY, RJ - A pouco mais de duas semanas do Oscar, onde concorre, com grandes chances de êxito, ao prêmio de Melhor Canção Original, o músico baiano Carlinhos Brown assume que não tem pensado muito no assunto. Menos por vaidade e mais por preocupação com o clima de guerra em que sua cidade, Salvador, encontra-se desde o início da greve de policiais, há oito dias. Em Paraty para participar da gravação do especial "Luau MTV" com Jorge Ben Jor, Brown comentou a crise insittucional que já resultou em mais de 90 homicídios.

- Estou trocando o Oscar pela paz na minha cidade e no meu país. Minha cidade deste jeito e eu pensando em comemorar? Não dá. Meu troféu é a paz - disse.

Para o músico, a classe artística não se manifestou com veemência suficiente sobre os incidentes em Salvador. Disse ainda que sua ideia é participar do tradicional carnaval de Salvador, onde é uma das figuras mais ativas, mas não pode garantir que isso acontecerá.

- Vou fazer o carnaval se tiver segurança. Sem isso, não dá. Não é que a cidade seja fascista. Mas tem gente que aproveita e vira baderneiro por 24 horas. A gente não quer ver cidadãos mortos, não quer ver guerra. Eu me sinto envergonhado de ser incapaz de fazer alguma coisa. A gente (os artistas) foi muito omisso nessa história - lamentou.

A responsabilidade sobre o caos urbano, de acordo com Brown, não pode ser creditada apenas aos grevistas.

- Não podemos falar só da polícia. Os governantes precisam reestruturar a figura do servidor público. Isso começou com os bombeiros no Rio de Janeiro. Quem disse que a força nacional também não pode entrar em greve? Fazer greve é um direito de qualquer cidadão. Não estou a favor ou contra governo ou os policiais. Sou a favor de um entendimento que nao exponha a sociedade. A Bahia é calma, mas quando se rebela, rebela mesmo - disse.

Para ele, a crise é sintoma de que o crescimento econômico do Brasil precisa de um equivalente social. Ele defendeu ainda a descriminalização de drogas consideradas leves para diminuir os confrontos entre policiais e usuários.

- Todos nós estamos no mesmo imbroglio. O pais está ficando rico, mas na verdade uma sociedade rica é uma sociedade educada - apontou.

Sobre o Oscar, Brown disse não saber da possibilidade de não cantar durante a cerimônia do dia 26 de fevereiro em Los Angeles, mas isso não o preocupa. Ainda assim, acredita que possa trazer a estatueta para o Brasil: ele e Sérgio Mendes concorrem pela canção-tema da animação "Rio", de Carlos Saldanha.

- Estou encarando a possibilidade de ganhar com espontaneidade e naturalidade. Minhas expectativas são outras em relação ao chamado topo do êxito. Já ganhei Grammys e nada de importante mudou em minha vida. Dedico o que vier ao coletivo, ao esforço do cineasta e do Sérgio - disse, enquanto se preparava para o especial de Jorge Ben Jor, do qual participou, ao lado de Sandra de Sá, numa versão de "Charles Anjo 45".

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