A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

QUANTO VOCÊ QUER QUE GANHE O SEU DEPUTADO?


DAVID COIMBRA - ZERO HORA 12/08/2011


O deputado decide sobre os salários dos policiais e dos professores, decide se o Estado vai destinar mais verba para a Saúde, para a Segurança, para a Educação ou para a construção de estádios de futebol. São decisões importantes, portanto. Quanto deve ganhar esse profissional? Mil reais? Vinte mil?

Quanto você quer que ganhe o médico que resolve o problema de saúde do seu filho? Bem ou mal? E o advogado que livra você de um processo sério? E o engenheiro que ergue as paredes da sua casa? Se você pudesse pagar, você contrataria o médico que ganha 2 mil ou o que ganha 200 mil? O engenheiro que ganha 5 mil ou o que ganha 50 mil? O advogado de 1 milhão por mês ou o rábula que aceita dois salários mínimos?

Digamos que você esteja disposto a pagar mil reais para o seu deputado e eu esteja disposto a pagar 20 mil para o meu. Quem terá condições de atrair o melhor profissional? Eu, com meus 20 mil? Ou você, com seu milzinho?

Afinal, um deputado vive com o seu salário, não é? Ou nós queremos eleger apenas deputados ricos, que não necessitem do salário para sobreviver? É isso que nós queremos, banir pobres e remediados do Legislativo? Você só aceita eleger homens que não precisem do salário para sobreviver?

Quando falo do SEU deputado, não é por acaso. Façamos uma suposição, nada mais do que uma suposição: que você se sinta vivendo numa autêntica democracia. Quem se sente vivendo numa autêntica democracia fala assim: o “meu” deputado. É ele quem escolhe o deputado, o deputado é DELE. Ou seja: ele, o eleitor, também é responsável pelas decisões do seu deputado.

Toda aquela polêmica do Tonho Crocco se deu porque ele chamou de gângsteres os deputados que aumentaram seus próprios salários. Como será que se comportou o deputado do Tonho Crocco naquela votação?

Embora eu seja um eleitor disposto a pagar bem para o meu deputado, não sei se foi justo e acertado o aumento que os deputados deram a si mesmos. Não sei. Mas sei que o Tonho Crocco achou errado. Por isso é que gostaria de saber qual foi o voto do deputado dele. Terá sido um voto que mereceu a confiança do seu eleitor?

Preste atenção: a Assembleia errou ao pedir interferência do Ministério Público por causa da música do Tonho Crocco. ERROU. Não foi uma tentativa de censura, porque não foi pedida a proibição da música, mas foi uma arbitrariedade, uma infantilidade e uma estupidez. A reação da Assembleia só fez aumentar a popularidade do ótimo Tonho Crocco e do rap que ele compôs. Já a pressão que a comunidade exerceu sobre a Assembleia foi legítima e democrática. A sociedade, enfim, pressionou os SEUS deputados. Como deve ser.

Falo aqui do teor do protesto do Tonho Crocco, desse tema recorrente no Brasil: os salários dos deputados. Dos NOSSOS deputados. Do SEU deputado. Você quer que o seu deputado ganhe bem? Quer ter a seu serviço o melhor profissional possível? Ou pode ser qualquer um, com qualquer remuneração? Você vive numa democracia. Você decide.




COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se passar, e vai passar, o pedido de reajuste 2012 exigido pelo STF, o salário do deputados, senadores e magistrados vai passar de R$ 30 mil reais. Enquanto isto, os salários dos servidores do Poder Executivo ficam limitados a um "teto pelego", idealizado para limitar a pressão e manter a discriminação. Democrático, republicano e harmônico, o Brasil só tem escrito na constituição, pois a realidade é bem diferente.

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