A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sábado, 20 de agosto de 2011

DEVER DA SOCIEDADE

Dever da sociedade. Para entidades como Firjan e Fiesp, movimento de combate à corrupção deve ser ampliado - O GLOBO, 20/08/2011 às 00h18m; Carolina Benevides e Leila Suwwan

RIO e SÃO PAULO - Dias depois da queda do ministro da Agricultura, Wagner Rossi , por conta de denúncias de irregularidades, e da criação da Frente Suprapartidária de Combate à Corrupção e à Impunidade , encabeçada por senadores, o empresariado brasileiro diz que a presidente terá "apoio total" para seguir em frente com a faxina ética no governo.

Presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira afirma que não é hora de "fazer vista grossa" e que é "dever da sociedade apoiar a presidente".

- Não podemos fazer vista grossa ou corroborar o pensamento de que o combate à corrupção inviabiliza a governabilidade. É dever da sociedade apoiar a presidente e os senadores que já se manifestaram, ampliando essa corrente por empresariado, academia, imprensa e formadores de opinião - disse Gouvêa Vieira. - Na Firjan subscrevemos o Pacto Empresarial pela Integridade Contra a Corrupção, e cada vez mais filiados fazem o mesmo. Precisa ficar bem claro que o caminho da corrupção no Brasil é o mesmo que traz armas, munições e drogas.

De acordo com estudo da Fiesp, a corrupção custa ao país pelo menos R$ 50,8 bilhões por ano. Os recursos seriam suficientes para a construção de 78 aeroportos ou de 57 mil escolas. Também poderiam garantir rede de esgoto para mais de 15 milhões de domicílios.

- Vemos esse movimento do governo como extremamente oportuno. Temos que dar toda a força para a presidente para que ela vá em frente com a faxina - disse José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade e tecnologia da Fiesp. - Porém, não é só ela que deve agir. O processo corre um risco de retrocesso porque os setores e agentes da corrupção movimentam muito dinheiro, são fortes e organizados. A reação será organizada, e a sociedade precisa transformar essa indignação difusa em algo forte e organizado.

Concluído há alguns dias, o estudo da Fiesp sobre o impacto da corrupção estima que as perdas de recursos com desvios e propinas giram entre R$ 50,8 bilhões e R$ 84,5 bilhões, algo em torno de 1,38% a 2,3% do PIB, utilizando dados de 2010.

- Esse montante de R$ 51 bilhões é muita coisa, mas achamos que a estimativa está bem próxima da realidade. A corrupção é um vetor negativo importante no custo Brasil - disse Roriz.


Escândalos em série. Adesão ao ato contra corrupção organizado por internautas cresce quase 400% em um dia - o globo, 19/08/2011 às 16h41m; Bruno Góes e Emanuel Alencar

RIO - O ato contra a corrupção que será realizado na Cinelândia , no dia 20 de setembro, ganhou mais adeptos no Facebook, nesta sexta-feira. Na esteira da série de escândalos que já derrubou o quarto ministro do governo Dilma em dois meses e meio, um grupo de cariocas está usando a internet para organizar uma manifestação. Se na quinta o número de pessoas que confirmaram presença no Centro do Rio era de aproximadamente 400 pessoas, hoje já chega a mais 1.500 - um crescimento de quase 400%. Voluntários de outros estados já pensam em acompanhar a iniciativa e realizar protestos no mesmo dia.

Uma das idealizadoras do "Todos Juntos Contra a Corrupção" , Cristine Maza, diretora de uma empresa de cenografia, conta que a expectativa é de crescimento:

- É certo que o movimento vai crescer muito mais. Já tem até gente de outros estados entrando em contato com a gente para marcar o protesto no mesmo dia e horário - disse ela, que terá uma reunião nesta sexta à noite para conversar sobre o crescimento do movimento: - Já está virando uma onda, muitas pessoas cansadas, e gente, por exemplo, de Belo Horizonte, São Paulo e Brasília já entraram em contato.

Cristiane Maza disse que em breve lançará um site sobre o movimento para reforçar a divulgação do protesto. Ela lembra que o ato não é partidário e que a ideia surgiu com amigos.

- A gente discutia na rede o porquê de não existir um movimento organizado contra a corrupção e a impunidade. Amigos embarcaram na ideia, as pessoas começaram a espalhar, virou uma loucura - conta Cris.

- Queríamos evitar batuque e oba-oba, por isso não escolhemos a orla para a manifestação. O movimento é completamente apartidário. Vamos disponibilizar o logotipo do grupo para que os interessados possam chupar da internet e façam seus cartazes e camisetas. Todo o dinheiro investido sairá de nossos bolsos.

Ainda de acordo com a empresária, o grupo chama a atenção pela diversidade.

- São jovens, adultos, de diversas ocupações. Não dá para identificar um perfil de quem está aderindo ao movimento. Mas é claro que queremos participação maciça de jovens. Eles são a base dessa mudança. Eles precisam achar que não é bacana se corromper, que não é bacana a "lei de Gérson", que o bacana é ser honesto.

Presidente da ABI considera fundamental que movimento ganhe as ruas para conquistar legitimidade

Um dos entusiastas da frente lançada no Senado, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, disse ser fundamental que o movimento ganhe as ruas para conquistar legitimidade.

- Os que defendem interesses escusos estão encastelados. Não é fácil vencê-los. Para que a frente tenha êxito, é fundamental o apoio da população, como aconteceu no caso da Lei da Ficha Limpa. O Congresso teve que recuar e aprovar a lei depois da mobilização das ruas.

O presidente da ABI afirmou estar otimista com o movimento, que, segundo avaliou, caminhará paralelamente à CPI da Corrupção - "nosso grupo não tem o componente político-partidário da CPI". Lembrou o papel histórico da entidade:

- A ABI teve papel fundamental no processo de impeachment de Collor.

Mais informações sobre o movimento podem ser solicitadas pelo e-mail crismazarj@gmail.com


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Estes movimentos contra a corrupção, para dar certo, precisam do apoio e ativismo público de lideranças estudantis, sindicais, políticas e judiciárias, caso contrário será mais um movimento que perecerá no limbo da impotência.

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